As três primeiras curvas do GP do México, neste domingo, no Autódromo Hermanos Rodríguez, na Cidade do México, decidiram o Mundial de Pilotos da Fórmula 1 com duas provas de antecipação. A conquista do tetracampeonato do inglês Lewis Hamilton só foi confirmada cerca de duas horas depois, com a nona colocação ao final da corrida, mas os primeiros momentos da prova foram decisivos. O alemão Sebastian Vettel, o seu concorrente ao título, terminou em quarto lugar e a vitória foi do holandês Max Verstappen, da Red Bull.
Os três foram os protagonistas das três decisivas primeiras curvas da corrida. Vettel largou na pole, Verstappen saiu em segundo, na parte suja da pista, e Hamilton em terceiro. Em uma disputa ferrenha pela liderança, o alemão da Ferrari tocou de lado na Red Bull do holandês e teve parte da asa dianteira danificada. Na curva três, Hamilton veio por fora e tentou ultrapassar os dois. Vettel não teve como evitar e tocou o resto de sua asa no pneu traseiro direito da Mercedes do inglês.
O saldo disso tudo: Verstappen tranquilo em primeiro, os finlandeses Valtteri Bottas e Kimi Raikkonen em segundo e terceiro, respectivamente, e Hamilton e Vettel ficando para trás e tendo de ir aos boxes por causa dos problemas em seus carros. O alemão voltou em 19.º e o inglês em 20.º. O prejuízo foi todo para o piloto da Ferrari. Era preciso chegar em primeiro ou segundo para ter alguma chance de adiar a conquista antecipada do rival.
A partir daí, a missão de Vettel era recuperar o que fosse possível na prova. Com pneus mais duros, o alemão foi se recuperando, mas a tarefa era árdua. Hamilton, com o mesmo tipo de pneu do rival, enfrentava problemas em sua Mercedes e não conseguia passar da 19.ª colocação, tendo dificuldades para ultrapassar até os carros mais lentos da Fórmula 1. O curioso é que na 22.ª volta Hamilton levou uma bandeira azul, por ser retardatário, para deixar Verstappen ultrapassá-lo.
Na 25.ª volta, Vettel já era o 12.º. Na 30.ª, estava em oitavo, mas a distância para as primeiras colocações era de mais de 1 minuto. Na 33.ª volta, o neozelandês Brendon Hartley, da Toro Rosso, abandonou a prova e provocou um "safety car" virtual. Hamilton e Vettel aproveitaram para trocar os pneus e voltaram com ultramacios, na busca por melhores posições. Na frente, Verstappen, Bottas e Raikkonen, posições que se mantiveram até o final.
Com mais estabilidade em sua Mercedes, Hamilton pode, enfim, ganhar mais posições e foi se aproximando da zona de pontuação. Vettel seguia na sua missão quase impossível e o máximo que conseguiu foi a quarta colocação. Nas últimas voltas, o inglês estava em 10.º e tinha na sua frente o espanhol Fernando Alonso, da McLaren. Seu velho rival não facilitou a ultrapassagem e os dois protagonizaram uma bela disputa até Hamilton passá-lo e depois poder comemorar o título com o nono lugar no GP do México
Com duas corridas para o final da temporada de 2017 - Brasil e Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos -, Lewis Hamilton se sagrou campeão por ter 56 pontos a mais que Sebastian Vettel (333 a 277). Valtteri Bottas está no encalço do alemão com 262. Com a vitória no México, Max Verstappen chegou a 148 pontos e está na sexta colocação.
Com mais uma grande temporada, Lewis Hamilton entra no clube dos grandes campeões da história da Fórmula 1. O mais novo tetra da categoria ultrapassou os brasileiros Ayrton Senna, o seu ídolo, e Nelson Piquet, se iguala ao francês Alain Prost e ao próprio Vettel em número de títulos. Fica atrás somente do argentino Juan Manuel Fangio, dono de cinco troféus, e do recordista Michael Schumacher, campeão sete vezes do Mundial de Pilotos. É também o britânico mais vitorioso da categoria.
Confira como ficou a classificação final do GP do México:
1.º - Max Verstappen (HOL/Red Bull) em 1h36min26s550, após 71 voltas
2.º - Valtteri Bottas (FIN/Mercedes) a 19s678
3.º - Kimi Raikkonen (FIN/Ferrari) 54s007
4.º - Sebastian Vettel (ALE/Ferrari) 1min10s078
5.º - Esteban Ocon (FRA/Force India) a 1 volta
6.º - Lance Stroll (CAN/Williams) a 1 volta
7.º - Sergio Pérez (MEX/Force India) a 1 volta
8.º - Kevin Magnussen (DIN/Haas) a 1 volta
9.º - Lewis Hamilton (GBR/Mercedes) a 1 volta
10.º - Fernando Alonso (ESP/McLaren) a 1 volta
11.º - Felipe Massa (BRA/Williams) a 1 volta
12.º - Stoffel Vandoorne (BEL/McLaren) a 1 volta
13.º - Pierre Gasly (FRA/Toro Rosso) a 1 volta
14.º - Pascal Wehrlein (ALE/Sauber) a 2 voltas
15.º - Romain Grosjean (FRA/Haas) a 2 voltas
Não completaram a prova:
Carlos Sainz Jr. (ESP/Renault)
Marcus Ericsson (SUE/Sauber)
Brendon Hartley (NZL/Toro Rosso)
Nico Hulkenberg (ALE/Renault)
Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull)
Regularidade
Mais novo tetracampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton pode atribuir o título conquistado neste domingo, no México, a dois fatores: às trapalhadas da Ferrari na segunda metade do campeonato e à incrível regularidade que vem exibindo na categoria nos últimos anos.
O piloto da Mercedes começou a temporada de 2017 com uma postura discreta, ofuscado pelo alemão Sebastian Vettel e até pelo novo companheiro de equipe, o finlandês Valtteri Bottas. Mesmo sem ser o protagonista do campeonato, como vinha acontecendo desde 2014, se manteve entre os primeiros colocados.
Essa regularidade é uma das principais características do inglês desde sua estreia na categoria em 2007. Nestes 10 anos, nunca deixou de largar em uma corrida - disputou 205 GPs. Só está atrás do alemão Nico Rosberg, que tem 206 e será superado ainda neste ano. Portanto, logo o inglês assumirá este recorde.
Como consequência, se tornou o recordista de pontos somados na história, detendo ainda a melhor média por corrida disputada, ainda que esta marca deva ser relativizada diante das frequentes mudanças no sistema de pontuação e no número de provas da F-1 desde a sua criação.
A regularidade gerou a oportunidade na 13.ª das 20 etapas do campeonato deste ano. Foi no GP da Itália, no início de setembro, que o inglês aproveitou a sequência de falhas da Ferrari para desbancar Vettel da liderança. Na 1.ª colocação, ganhou "gordura" na tabela na corrida seguinte, em Cingapura, quando Vettel e o companheiro Kimi Raikkonen espremeram o holandês Max Verstappen na largada - o alemão não completou a prova.
Na parada seguinte do campeonato, na Malásia, a vantagem ganhou corpo diante dos problemas nos motores da Ferrari. Por ironia do destino, a equipe italiana tinha o carro mais veloz nestas duas etapas e a Mercedes estava longe de exibir a sua melhor forma nestes últimos anos. Não por acaso Vettel largou em último na Malásia e conseguiu terminar em 4.º.
A situação se tornou insustentável para a Ferrari no Japão, logo na corrida seguinte, quando uma nova falha no motor tirou Vettel da pista nas primeiras voltas. Hamilton não perdoou e venceu, abrindo 59 pontos de vantagem. Ainda cambaleando, a Ferrari não teve forças para se recuperar nos Estados Unidos, pois Vettel ficou atrás do rival mais uma vez. E, no México, o inglês converteu novamente a sua regularidade em título, após deixar escapar na temporada passada o troféu que parecia perto mas acabou nas mãos de Rosberg.
O tetracampeonato coroou a grande temporada do piloto da Mercedes. Mesmo ainda faltando duas etapas para o fim do Mundial, Hamilton ostenta nove vitórias e 11 poles positions no ano.
É com esta performance que ele entra no clube dos grandes campeões da história da Fórmula 1. O mais novo tetra da categoria se iguala ao francês Alain Prost e ao próprio Vettel em número de títulos. Ficará atrás somente do argentino Juan Manuel Fangio, dono de cinco troféus, e do recordista Michael Schumacher, campeão sete vezes do Mundial de Pilotos. (Leiamais.ba)